A Igreja


1. Sua Natureza

No Novo Testamento, o termo igreja é usado para designar o povo de Deus na sua totalidade ou só uma assembléia local. A igreja é uma comunidade fraterna das pessoas redimidas por 14 Cristo Jesus, divinamente chamadas, divinamente criadas e feitas uma só, debaixo do governo soberano de Deus. A igreja como uma entidade local — um organismo presidido pelo Espírito Santo — é uma fraternidade de crentes em Jesus Cristo, que se batizaram e voluntariamente se uniram para o culto, o estudo, a disciplina mútua, o serviço e a propagação do Evangelho, no local da igreja e até aos confins da terra. A igreja, no sentido lato, é a comunidade fraterna de pessoas redimidas por Cristo e tornadas uma só na família de Deus. A igreja, no sentido local, é a companhia fraterna de crentes balizados, voluntariamente unidos para o culto, desenvolvimento espiritual e serviço.

2. Seus Membros

A igreja, como uma entidade, é uma companhia de crentes regenerados e batizados que se associam num conceito de fé e fraternidade do Evangelho. Propriamente, a pessoa qualificase, para ser membro de igreja, por ser nascida de Deus e aceitar voluntariamente o batismo. Ser membro de uma igreja local, para tal pessoa, é um privilégio santo e um dever sagrado. O simples fato de arrolar-se na lista de membros de uma igreja não torna a pessoa membro do corpo de Cristo. Cuidado extremo deve ser exercido, a fim de que sejam aceitas como membros da igreja, somente as pessoas que dêem evidências positivas de regeneração verdadeira. Submissão a Cristo. Ser membro de igreja é um privilégio, dado exclusivamente a pessoas regeneradas que voluntariamente aceitam o batismo e se entregam ao discipulado fiel, segundo o preceito cristão.

3. Suas Ordenanças

O Batismo e a Ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja. São símbolos, mas sua observância envolve fé, exame de consciência, discernimento, confissão, gratidão, comunhão e culto. O batismo é administrado pela igreja, sob a autoridade do Deus trino, e sua forma é a imersão daquele que, pela fé, já recebeu a Jesus como Salvador e Senhor. Por esse ato, o crente retraía a morte ao pecado e a ressurreição para uma vida nova. A Ceia do Senhor, observada através dos símbolos do pão e do vinho, é um profundo esquadrinhar do coração, uma grata lembrança de Cristo e Sua morte vicária na cruz, uma abençoada segurança de Sua volta e uma jubilosa comunhão com o Cristo vivo e Seu povo. O Batismo e a Ceia do Senhor, as duas ordenanças da igreja, são símbolos da redenção, mas sua observância envolve realidades espirituais na experiência cristã.

4. Seu Governo

O princípio governante para uma igreja local é a soberania de Jesus Cristo. A autonomia da igreja tem, como fundamento, o fato de que Cristo está sempre presente e é o cabeça da congregação do Seu povo. A igreja, portanto, não pode sujeitar-se à autoridade de qualquer 15 outra entidade religiosa. Sua autonomia, então, é válida somente quando exercida sob o domínio de Cristo. A democracia, ou governo pela congregação, é forma certa somente na medida em que, orientada pelo Espírito Santo, providencia e exige a participação consciente de cada um dos membros nas deliberações e trabalho da igreja. Nem a maioria, nem a minoria, nem tampouco a unanimidade refletem necessariamente a vontade divina. Uma igreja é um corpo autônomo, sujeito unicamente a Cristo, sua cabeça. Seu governo democrático, no sentido próprio, reflete a igualdade e responsabilidade de todos os crentes, sob a autoridade de Cristo.

5. Sua Relação Para com o Estado

Tanto a igreja como o Estado são ordenados por Deus e responsáveis perante Ele. Cada um é distinto; cada um tem um propósito divino; nenhum deve transgredir os direitos do outro. Devem permanecer separados, mas igualmente manter a devida relação entre si e para com Deus. Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público. A igreja é uma comunhão voluntária de cristãos, unidos, sob o domínio de Cristo, para o culto e serviço em Seu nome. O Estado não pode ignorar a soberania de Deus nem rejeitar Suas leis como a base da ordem moral e da justiça social. Os cristãos devem aceitar suas responsabilidades de sustentar o Estado e obedecer ao poder civil, de acordo com os princípios cristãos. O Estado deve à igreja a proteção da lei e a liberdade plena, no exercício do seu ministério espiritual. A igreja deve ao Estado o reforço moral e espiritual para a lei e a ordem, bem como, a proclamação clara das verdades que fundamentam a justiça e a paz. A igreja tem a responsabilidade, tanto de orar pelo Estado, quanto de declarar o juízo divino em relação ao governo, às responsabilidades de uma cidadania autêntica e consciente, e aos direitos de todas as pessoas. A igreja deve praticar coerentemente os princípios que sustenta e que devem governar a relação entre ela e o Estado. A igreja e o Estado são constituídos por Deus e perante Ele responsáveis. Devem permanecer distintos, mas têm a obrigação de reconhecimento e reforços mútuos, no propósito de cumprir-se a função divina.

6. Sua Relação Para com o Mundo

Jesus Cristo veio ao mundo, mas não era do mundo. Ele orou não para que Seu povo fosse tirado do mundo, mas liberto do mal. Sua igreja, portanto, tem a responsabilidade de permanecer no mundo, sem ser do mundo. A igreja e o cristão, individualmente, têm a obrigação de opor-se ao mal e trabalhar para a eliminação de tudo que corrompa e degrade a vida humana. A igreja deve tomar posição definida em relação à justiça e trabalhar fervorosamente pelo 16 respeito mútuo, à fraternidade, à retidão, à paz, em todas as relações entre os homens, raças e nações. Ela trabalha confiante no cumpri-mento final do propósito divino no mundo. Esses ideais, que têm focalizado o testemunho distinto dos batistas, chocam-se com o momento atual do mundo e em crucial significação. As forças do mundo os desafiam. Certas tendências em nossas igrejas e denominações põem-nos em perigo. Se esses ideais servirem para inspirar os batistas, com o senso da missão digna da hora presente, deverão ser relacionados com a realidade dinâmica de todo o aspecto de nossa tarefa contínua. A igreja tem uma posição de responsabilidade no mundo; sua missão é para com o mundo, mas seu caráter de ministérios é espiritual.